este ano, participei numa curta-metragem. éramos 4 e tivemos de fazer a pré-produção, a produção e a pós-produção sozinhos - tudo o que isso incluía. numa altura em que estávamos prestes a morrer sufocados de tanto trabalho, um dos meus colegas, que eu admiro muito por tudo e mais alguma coisa, disse "nunca vou falhar com nada". tenho essa frase guardada desde o dia em que ele a disse - e já foi há algum tempo. penso nela todos os dias porque acho que é (também) nisso que tudo se baseia: o tentar não falhar com nada, com ninguém, nem connosco - mas aceitar que, se acontecer, é normal. o "bom dia" que, às vezes, a vida não nos dá não é mais nem menos do que a parte em que a montanha russa desce de forma abrupta para depois voltar a subir com calma, ponderadamente. não vale de nada estarmos tristes por estarmos tristes. o melhor a fazer é aproveitar essa fase em que estamos mais frágeis para conversarmos connosco próprios e pensarmos no que temos feito, no podemos fazer melhor, no que queremos mudar. não aceitarmos falhar connosco.
este verão foi um bocadinho terrível mas sinto que estou na altura em que a montanha russa começa a subir. precisava de fazer este post para me sentir melhor - e sinto. há dias em que acordo e ainda me apetece gritar para que todos desapareçam, voltam os pensamentos que nada vale a pena e apetece-me contratar 20 psicólogos, 45 psiquiatras e 80 santos milagreiros para ver se alguma coisa resulta e posso voltar ao normal mas é bom ver que, pouco a pouco, já vou começando a voltar a sentir emoções, a ter ideias criativas, a achar a vontade de fazer música, de fazer vídeos, de escrever coisas para além de só pensar no que faz mal e ficar à espera que tudo me caia do céu ou apareça feito em vez de o fazer. afastarmo-nos de toxicidade é tão importante e aí sim, podem vir os tais santos milagreiros à vontade só para lhes mostrar o que é um verdadeiro milagre. aaaah, a vida tem tanta coisa boa para viver!
coisas boas que descobri/vivenciei ultimamente:
- sumo de laranja natural que existe em alguns supermercados e que têm de ser os próprios clientes a encher a garrafa. melhor coisa do mundo? não sei. anda lá perto? anda. especialmente quando está em promoção.
- salame de chocolate. mais nada a dizer.
- lasanha de lentilhas. experimentei cozinhar lentilhas pela primeira vez e correu bem (sorte de principiante, diria). pensava que a lasanha ia ficar - digamos - menos boa e ficou ma-ra-vi-lho-sa! um dia destes coloco aqui a receita.
- a vontade de criar coisas anda a voltar e sabe tão bem quanto comer lasanha de lentilhas acompanhada de sumo de laranja natural ao almoço e salame de chocolate para sobremesa.
- fiz uma limpeza de pessoas que sigo no instagram (a rede social onde passo mais tempo) e, parecendo que não, ajuda mesmo a sentirmo-nos melhor - e a verdade é que, inconscientemente, a internet e as redes sociais fazem cada vez mais parte do nosso dia-a-dia e temos de tratar do ambiente em que nelas escolhemos estar.
- já fui várias vezes à minha praia preferida desde que voltei para lisboa, a reação alérgica não disparou nunca e percebi que, na verdade, a fonte da telha estava só com medo que a trocasse por outra e fez com que a minha pele só se desse bem com ela. eu sei que este tipo de atitudes não é tolerável em nenhuma relação mas... amo-te para sempre, fonte da telha, não eram precisos esses ciúmes doentios!
- como a água da praia da vieira era ge-la-da, a água da fonte da telha está a parecer vinda do equador (não sei se a água do equador é quente mas estou a assumir que sim) e, então, no outro dia estava tão bem que deixei-me estar de molho mesmo quando já era hora próxima a ir embora e pus-me só lá a flutuar, a voltar para me encharcar de areia e ir tirar a areia ao mandar altos mergulhos, como se já não fosse uma adulta (cof cof cof) com responsabilidades e 10 filhos para criar. isto parece tudo muito bonito até me terem entrado 4878393 ondas pelo nariz adentro, ter quase ficado cega de um olho à pala de uma delas e ter de pôr manta e toalhas no banco do carro porque ainda estava ensopada (feita em sopa, portanto) quando me fui embora.
- comprei os ténis mais baratos e confortáveis que alguma vez calcei na vida e um bikini que me deixa quase sem mamas (amén!).
- e agora a revelação por que toda a gente anseia, ou seja, o que disse que tinha para contar neste post: arranjei mais uma vez bilhetes para ir a mais um concerto dos melim. fui a primeira pessoa a chegar ao recinto (sabem o anjo das frontlines de que falo sempre? estava lá outra vez!), consegui ficar à frente e no meio e, apesar de já ter ido a vários concertos e ter gostado muito de muitos deles, digo com toda a certeza que este foi o concerto mais bonito e com a melhor energia em que já estive. estava num daqueles momentos em que me apetecia contratar aquela gente toda que falei acima para me virem salvar mas deixei-me levar naquela energia toda e foi das coisas mais lindas que já vivi e, se pudesse, ficava a viver naquele concerto o resto da minha vida inteira (com o héber marques no coro e o nelson évora nuns passos de dança porque não ia aguentar o resto da vida sem os ver, óbvio).
meu abrigo - melim
que coisa mais lindaaaaa!
natiruts - sorri, sou rei
este ano tinha planeado ir ver os natiruts a viseu mas não deu para ir. no entanto, vi os melim, à minha frente, a cantarem uma das minhas músicas preferidas dos natiruts (e da vida!). haverá muito melhor que isto?
a banda mais bonita da cidade - oração
quem disser que neste momento eu estava lavada em lágrimas de felicidade por dentro está completamente correto.
o meu crush dos melim deu-me um beijinho? deu, senhores. mas aqueles gritos de histeria do vídeo não são meus, ok? eu deixo a nossa relação bastante privada, finjo só que não estava muito pior do que aqueles gritos por dentro porque, já dizia aristóteles, "quem não sabe, não estraga", não é verdade? mas sim, desde esse dia que tenho um papel na bochecha a dizer "o diogo melim já beijou aqui".