olá, malta. leiam este post e recebam o diploma de psicologia oferecido por mim. obrigada.

absorvemos todas as energias de todas as pessoas, situações e lugares que nos envolvem e é delas que somos feitos. por isto, para não nos tornarmos em algo que não faça sentido para nós, temos de ter cuidado para não sermos absorvidos quando daí vêm energias negativas. foi o que me aconteceu.

o ambiente da faculdade em que ando não é o meu ambiente - gosto de lá estar, gosto da criatividade que o curso me obriga a ter mas os dias não são tão divertidos como eram, por exemplo, no secundário. por isso, acabei por me juntar à pessoa que mais me pareceu idêntica a mim e àquilo que gosto e com que me identifico porque, com ela, os dias não eram só ir à escola - estudar - voltar para casa. íamos conhecer e estudar para sítios diferentes e falar de mais coisas que não a escola, as aulas, os testes. no entanto, esta amizade, descontração, elogios constantes e apego eram disfarce para algo mau, sério e preocupante: toda esta afinidade acabou a revelar ser dependência e obsessão por parte da outra pessoa. começou a obrigação de ter de fazer tudo com essa pessoa, as faltas de respeito contínuas, seguidas de pedidos de desculpa, que vinham com ameaças de suicídio com várias justificações, seguidos de voltar tudo a acontecer novamente. um ciclo vicioso, contínuo e eterno.

esta pessoa revelou, então, ser o meu completo oposto, sendo que acabei por me tornar um pouco nesse mesmo oposto sem me aperceber - tudo o que menos queria: a negatividade sobre cada passo que dava e cada decisão que fazia, a constante comparação aos outros, o sentir ser inferior a todos e que nunca vou chegar a 1% daquilo a que me estabeleço. comecei a fazer coisas sem sentido, sem ter noção de nada, deixei de querer ler, de querer e de conseguir fazer música porque desistia a cada dificuldadezinha e tinha sempre o "não consigo" instalado na minha cabeça, deixei de achar piada vir ao blog, pensava sempre que tudo estava errado, que nada valia a pena arranjava 10 problemas para cada solução. foi a partir do momento em que deixei de sentir as coisas que percebi que estava com algum problema em mim: já não aproveitava o vento da rua para pôr os cabelos a bailar, todas as músicas pareciam-me mais do mesmo, o brilho do sol tinha tanto valor quanto a luz de uma lâmpada. e eu nunca fui assim. e sentia-me agoniada por estar a ser assim. aquilo não era eu. não haviam músicas alegre, frases de positividade, idas à praia que resolvessem o problema, então ficava só ali - a existir. é muito mais fácil irmo-nos abaixo e deixarmo-nos lá ficar do que ganhar forças para voltarmos para cima.

o problema estava mais em mim que deixei que tudo aquilo me influenciasse e me mudasse e talvez não tanto na outra pessoa. no entanto, não nos conseguimos desamarrar de um problema andando de mãos dadas com ele. decidi que ia aproveitar estas férias de verão para largar essa pessoa. por mais imaturo que possa parecer, não disse nada e simplesmente deixei de responder às mensagens porque esta situação já aconteceu tantas vezes e acabo sempre por voltar à suposta amizade que temos porque não quero que ninguém se suicide por minha culpa e, tendo a pessoa uma perturbação mental diagnosticada (depressão, e está a ser seguida por um psiquiatra), eu tenho medo que lhe aconteça algo e fico a cobrar-me por isso, a pensar que sou má pessoa e que é errado deixar uma pessoa sozinha (porque ela recusa-se a fazer mais amigos para além de mim). já tentei tantas vezes lidar com os demónio dela ou tentar mudá-los que foram eles que acabaram a mudar-me a mim de tal modo que, hoje em dia, tenho medo deles. perante isto, a pessoa começou a mandar-me mensagens todos os dias, ora mensagens normais como se nada tivesse acontecido quanto mensagens de desolação profunda a fazerem sentir-me mal, e chegou ao ponto de mandar mensagens para os meus familiares e amigos.

entretanto, já falei com ela, que, mais uma vez, fez um grande escarcéu, falou de suicídio e pôs as culpas todas nela própria, fazendo sentir-me mal, e disse que sentia que o nosso problema era precisarmos de um espaço uma da outra e que, quando voltássemos às aulas, voltaríamos a falar. mas eu não quero falar porque sei que não vou ter força suficiente para dizer que não quero mais dar-me com uma pessoa assim, não quero ouvir mais choros, mais ameaças de suicídio, mais faltas de respeito, mais desculpas. não tenho capacidade mental para lidar com tudo isto e comecei a ser como ela mas não é assim que eu quero acabar. com este afastamento, tenho-me sentido melhor e já começo a dar valor às coisas e a sorrir e a rir mais mas os últimos tempos não têm sido fáceis: há dias em que estou pior, há dias em que estou melhor, há dias em que me cobro por não estar a ser suficiente para uma pessoa com sérios problemas, há dias em que percebo que não posso deixar que isso me afete porque também tenho uma vida para viver e que não pode ficar estagnada como tem estado porque há tantas coisas bonitas a fazer.

8 comentários:

  1. É incrível como a má energia de alguém pode influênciar quem somos. Acho que fazes bem por ti mesma em te afastares, mas também podes fazer o bem por ela e incentivar a arranjar ajuda, pois de facto ele precisa disso, antes que seja tarde para ele e para outros.

    Beijinhos
    novo blog: http://danielasilvaoficial.pt

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  2. Lamento toda esta situação, minha linda! Adorava poder ajudar. Muita, muita força <3

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  3. Só tens uma vida para viver. Não deixes que te estraguem a oportunidade de seres feliz por conta própria.
    Por muito que te custe deixar para trás alguém que está com problemas, não podes deixar que os problemas dessa pessoa sejam também os teus problemas.
    A vida é assim e o caminho é em frente e ao ritmo de quem nos conseguir acompanhar.
    Já tinha saudades tuas, pá. Também tenho andado um pouco afastado do blog, mas como o criminoso, volto sempre ao local do crime. lol
    Bom resto de férias.

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  4. Confesso que me arrepiei ao ler o teu testemunho, também eu já passei por uma situação muito parecida, em que fui amiga de uma rapariga 7 anos e tentei de tudo para que ela se encaminhasse mas ela sempre se deixou cair nos mesmos dramas sem sentido. Eu sempre fui feliz embora conviva com ansiedade todos os dias desde que me conheço. E ao fim de 7 anos de amizade com ela comecei a ficar depressiva entre outras coisas, o que teve muito a ver com o facto de quanto mais eu tentava ajudá-la mais ela me puxava para o fundo do poço com ela. Entretanto ela engravidou. Acompanhei-a até ao fim da gravidez e depois de uma longa conversa com ela em que tentei chamá-la á razão uma ultima vez… desisti dela. Tínhamos 21 anos na altura. Este ano com quase 27 resolvi mandar-lhe mensagem apenas para lhe dizer que apesar de tudo não lhe guardo rancor e que só queria que ela fosse feliz. Qual o meu espanto quando percebi que ela me culpa de tudo e ainda queria marcar um café para que eu me explicasse. Não tenciono ficar amiga dela novamente, até porque ela continua exatamente igual, apenas com mais idade e nem sei se tomo o café porque eu não tenho de lhe explicar nada. E é isto que quero que percebas. Ás vezes é melhor deixar a pessoa e seguir sem nunca olhar para trás, porque para te desiludires ao perceberes que continua tudo igual mais vale estares no teu canto sossegada a viver a tua vida tranquilamente. Qualquer coisa que precises, não hesites em falar comigo. Sou uma estranha eu sei, mas tenho todo o gosto em "ouvir-te" pois sei bem o peso de ter algo tóxico na minha vida.

    ps: Adorei a música, obrigada pela sugestão. :)
    beijinho

    Rosa Limão |
    Instagram RosaLimão

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  5. Entendo um bocadinho do que estás a passar e isso nunca é bom para a nossa sanidade mental :/
    Espero que tudo se resolva. Beijinhos

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  6. Bem, que situação... Nem sei bem o que dizer, mas percebo o que dizes e ainda que a pessoa tenha problemas, na minha opinião, não tens de ouvir\receber o que tens recebido. Ela precisa de acompanhamento e talvez quando estiver bem, as coisas entre vocês melhorem. Não tens de a abandonar de uma vez, mas também não podes estar a dar cabo de ti minha querida.
    Pensa no que te faz bem <3

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  7. Quando dizem que temos que remover pessoas tóxicas da nossa vida, têm razão. Eu descobri que estar rodeada de pessoas que tinham o mesmo problema que eu, não me estava a ajudar a melhorar. Só contribuía para me sentir mais insegura e deprimida. Não faz mal sermos egoístas de vez em quando e largar-mos quem nos faz mal.

    http://purflefox.blogspot.pt

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  8. R: Não tens nada de agradecer tudo o que disse foi sentido.
    Ela foi diagnosticada pouco tempo depois de ter tido a criança com depressão pós parto e ansiedade generalizada.
    Mas não posso deixar de salientar que no caso dela, tudo isto veio de decisões e comportamentos erráticos anteriores.
    Cada pessoa é uma pessoa e não posso falar em relação á tua "amiga" mas em relação á minha... o melhor é mesmo manter a distância porque pessoas como ela alem de autodestrutivas, destroem os outros em redor também.
    O melhor que podemos fazer é tentar compreender mas pormos a nossa saude mental primeiro e salvaguardar-mo-nos contra toda a toxicidade que trazem com elas.
    E não há nada de errado nisso. Mudei muito por causa disso. Continuo a ajudar todos os que posso, mas quando pressinto que alguma coisa não está definitivamente bem, que as intenções pra comigo não são as melhores retiro-me dou por terminado o jogo mental que pessoas assim tentam fazer.
    Tudo nos faz crescer né? Até situações menos felizes como as que nos aconteceram.

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