se eu conseguir sobreviver até ao fim do semestre, estou apta para sobreviver a um (mini) furacão

a semana passou tão rápido que ontem, ao despedir-me dos meus colegas novos, disse "até amanhã" a pensar que ainda era quarta ou quinta-feira. isto significa que sobrevivi à primeira semana de aulas na faculdade nova - e não foi assim tão difícil.

antes da primeira aula, andei às voltas a tentar descobrir a sala, até que decidi que o melhor era mesmo ir perguntar a alguém e lá consegui encontrar e perceber onde estão as salas e como funciona aquilo tudo. desde aí, nunca mais me perdi - e é assim que me sinto crescida! ainda não usei a casa de banho, ainda não bebi água de nenhuma torneira (é um fator importante para saber se aprovo ou não a escola!) e ainda não entrei na biblioteca - na verdade, já tentei entrar duas vezes mas aquela porta não se dá bem comigo e eu sinto que é um sinal do destino a dizer que vou passar lá alguma situação embaraçosa e é melhor ir-me preparando!

as pessoas são super diferentes do que eu estava habituada por serem diferentes umas das outras em todos os sentidos (e é aqui que começo a cantar aleluia num coro de 100 vozes mesmo que esteja sozinha!). não conheço muitas pessoas da minha turma porque é uma turma grande, as pessoas que estavam na praxe dão-se mais entre si e, como já se conhecem da praxe, não falam tanto com as pessoas que não foram à praxe (é normal: entusiasmo histérico de aluno de 1º ano) e, portanto, as pessoas com quem me dou são pessoas que, tal como eu, entraram pelo regime de mudança de curso, pessoas que entraram agora (o "agora" significa "ontem") na 2ª fase e pessoas que não foram à praxe e vão tentando meter conversa com outras pessoas que também não foram. para ser sincera, tanto na faculdade em que estive antes quanto nesta faculdade atual, tive e tenho a sorte de ter alguém menos envergonhado que eu que mete conversa comigo logo na primeira aula. também costumo falar com uma aluna e um aluno de erasmus, ambos vindos da turquia e, não sei porquê, mas acho que me vou casar com um turco - o adam levine não elogia os meus cozinhados, ele não me merece, vamo-nos divorciar!

os professores, na maioria (há um que... ehhh... deixo de ter medo de palhaços para passar a ter medo dele!), são muito simpáticos e deixam-nos à vontade para tirar dúvidas. não tenho muitos testes (o que é bom) mas tenho montes de trabalhos (o que é menos bom) em que é preciso muita criatividade para ficarem bem feitos (o que é deliciosamente assustador e assustadoramente delicioso!). eu sinto que já passei uma vez pelo que era a "novidade" do ensino superior (como as praxes, a quantidade de estudo que é bastante superior ao secundário, entre outras coisas) e que agora é o momento para eu fazer isto bem e com outros olhos que não os olhos de "isto é tudo novo! quero saber tudo o que isto inclui!" e, por enquanto, não estou a pensar voltar a mudar de curso (há 1 ano eu estava a dizer exatamente o mesmo e agora...) e estou a planear empenhar-me a sério para despachar isto o mais depressa possível para depois ter todo o tempo do mundo só para a música.

pode ser que fique com metade do swag da marisa liz e metade da voz rouca linda do tatanka

este ano, como em todos os anos, combinei ir com os meus pais à feira da luz, em carnide. inicialmente, combinámos ir só ao concerto dos amor electro - acho que já fui a mais concertos dos amor electro do que eles próprios. o concerto estava marcado para começar às 21h30, nós chegámos um bocado antes das 21h e o recinto já estava cheio mas ainda conseguimos ficar na quinta fila. mesmo depois de uns quantos concertos, ainda não me cansei e voltava a ir a outro hoje e só não ia amanhã porque estaria a morrer de sono por já começarem as aulas. bem, na verdade, ia na mesma. eles são sempre super brutais e adoro como interagem com o público!

também fui ao concerto dos the black mamba. e... ok, sobre este concerto preciso de falar com muuuu(...)uita calma e delicadeza. confesso que não conhecia muitas músicas deles, sempre prestei mais atenção só ao tatanka (o vocalista) e, sabia que, provavelmente, como era um concerto da banda, ele não ia cantar músicas só dele. já sabia que ele era um músico do caraças, as poucas músicas dos the black mamba que eu conhecia também são do caraças, uma das minhas músicas preferidas é deles (esta) mas... eu não estava mesmo à espera - foi muito melhor do que estava à espera e fiquei chocada com a (estupidamente) boa qualidade. fiquei mesmo na primeira fila com a minha mãe e o tatanka vinha imensas vezes mesmo para a nossa frente, como se pode ver aqui:

(e aqui também se pode ver um bocadinho da boa qualidade)

como não conhecia a maioria das músicas e dada a boa qualidade musical que pairava naquele palco, aproveitei mais para prestar atenção aos pormenores das músicas e ao que os músicos faziam do que só para me divertir (mas diverti-me muito à mesma!). quando estou nesta bolha musical egoísta, costumo fazer caras e movimentos estranhos, como se estivesse mesmo a tocar. e eu acho que os dois músicos que estavam nos instrumentos de sopro repararam porque estavam a olhar muito para mim (até a minha mãe reparou e disse-me). eu prestei muita atenção a eles porque quero entender melhor como funcionam os instrumentos de sopro e, desde aí, já sonhei umas quantas vezes com isso e sinto que é uma entidade superior a obrigar-me a pensar em pôr mais trompetes e saxofones nas músicas que faço. para além disto, a certa altura, o tatanka deixou cair o chapéu para a frente do palco.

e quem é que agora tem aquela pena que ele tinha no chapéu? eu!


quando ele deixou cair o chapéu, a pena saltou e veio parar à minha mão. fiquei com ela na mão só porque sim e, entretanto, ele veio cumprimentar as pessoas da plateia e, quando eu ia a dar-lhe a pena, ele disse "é para ti!". colei a pena no caderno em que componho todas as minhas músicas para ver se os super-poderes do tatanka passam para mim. e ficamos por aqui.

preciso de viver mais de 100 anos

há vezes em que digo à minha mãe que vou fazer um bom jantar para mim (porque os meus pais - infelizmente! - comem carne e eu não e, na maioria das vezes, comemos coisas diferentes!) e, em algumas dessas vezes (poucas, ok?), o jantar não sai muito bem mas acabo por comer tudo porque tem de ser. é assim que me sinto em relação a ter entrado no curso.

nunca senti que era mesmo o que tinha de fazer - quando decidi que ia mudar de curso, quando me candidatei, quando fui aceite. também não sentia que devia continuar no mesmo curso porque já não aguentava estar ali e, provavelmente, levaria mais dez anos a acabá-lo. na verdade, a única coisa que eu sinto que tenho mesmo de fazer é música - é o que eu acho que realmente vale todo o trabalho e tempo, é o que sempre me vi a fazer, é o que mais me preenche a alma e que faz rebentar o peito de tanta paixão. e é o que me sufoca quando fica por fazer. e é sufocada que me sinto agora.

em condições normais, devia ter acabado este ano a licenciatura. mas desisti porque não conseguia mesmo estar mais tempo no curso em que estava. e agora vou voltar para o 1º ano. parece que estou numa corrida contra o tempo e há sempre um vento mais forte que me leva para trás. claro que podia parar um ano para dar tudo na música - e era o meu plano inicialmente! - mas os meus pais fazem logo cara feia e eu tenho medo de acabar por ter de voltar à faculdade e, assim, atrasar mais um ano.  por enquanto, vou entrar na faculdade e arranjar um trabalho ao mesmo tempo enquanto continuo a fazer música. quem sabe se, no fim deste 1º ano, decido mesmo parar para ir só para a música.

quando for grande, eu vou... #1

ter alguém que trate das minhas burocracias todas.

hoje é dia 12 de setembro e, em 12 dias, já aconteceram mil coisas de adultos - também conhecidas como "papelada" - com que não consigo lidar e acho que nunca vou conseguir. 

só para uma coisinha de nada, pedem (deixo já aqui a lista para caso alguém precise): 
  • cartão de cidadão;
  • boletim de vacinas;
  • a morada de casa do trisavô;
  • um pacote de lenços com folha dupla com um bocado de ranho da última gripe;
  • uma amostra do cortinado de casa da tia;
  • um pêlo do interior da orelha do primeiro gato que se viu na vida;
  • uma maçã mordida 3 cm à esquerda do centro com coordenadas perpendiculares ao viaduto duarte pacheco. 

só a quantidade de documentos que pedem faz parecer que se comprou a américa inteira, um bocado da ásia e ainda se obrigou o trump a viver no méxico. para além disto, tem-se aquele tempo limite para dar tudo (quando ainda nem se percebeu metade do que era preciso!). geralmente, faço tudo nos primeiros dias e, no dia a seguir ao último dia, começo a pensar que entreguei tudo ao contrário ou faltou alguma coisa ou vão descobrir que afinal estou ilegal no país e vou ser recambiada para turquemenistão. melhor: chegar à véspera de entregar e só aí descobrir que ainda se tem vacinas para tomar que era suposto serem tomadas há 5 vidas atrás (aconteceu-me ontem!).

outras vezes, telefono (e gaguejo! muito! preferia ter um monte de crocodilos a correrem atrás de mim) ou mando e-mail com perguntas aparentemente óbvias mas que podem não ser porque há muitas coisinhas escondidas no site ou onde quer que seja. eu penso sempre que me vão achar tola, que estou a contactar porque não tenho mais nada que fazer e julgar-me como se todos nascêssemos a saber todas as leis e regras de tudo mesmo antes de aprendermos a falar. porém, no outro dia, depois de me darem uma comprovação, tive de a devolver porque afinal não me tinham registado no sistema e depois voltaram a devolver-me. conclusão: posso fazer as perguntas óbvias que quiser porque até os profissionais se enganam ou não sabem certas coisas - o que não impede que eu me sinta mal ao fazê-las. mas acho que a solução do problema é mesmo arranjar alguém que trate disto tudo por mim!

com alguma sorte, o adam levine ainda calha na minha turma

ontem saíram (finalmente!) os resultados da mudança de curso e tan tan tan taaaan: entrei no curso novo! para ser sincera, não estava muito ansiosa para saber o resultado porque já sabia que, provavelmente, iria entrar e, mesmo que não entrasse, saberia o que fazer durante o ano (só não sabia como ia dizer aos meus pais que não tinha entrado!). se não entrasse, ficava a fazer música, a estudar música na escola de música e a trabalhar. como entrei, vou ficar a estudar e a fazer música, a trabalhar e a estudar. este não é um curso ligado diretamente a música mas é um curso que me pode ajudar muito nesse mundo e, se quiser, posso fazer mestrado em música. sei que vou estar sempre a morrer de cansaço porque este curso requer muito empenho e as coisas não vão funcionar à base de cábulas (estou a brincar! óbvio que eu nunca usei cábulas na minha vida, muito menos nos últimos dois anos. óbvio! mas é óbvio! óbvio mesmo! ok?) mas prefiro estar assim do que estar todos os dias a falar de animais mortos para satisfação humana e a abrir ovelhas.

coisas que me deixam - digamos que - receosa:
  • faculdade nova - não sei onde são as salas e o micro-ondas (preciso de me alimentar para ver se não baixo dos 50 kg!);
  • pessoas novas;
  • disciplinas diferentes do que estou habituada.

coisas que me deixam - digamos que - menos receosa:
  • provavelmente, não vou ter de levar todos os dias com uma maioria de pessoas que adoram touradas, que acham que os animais só estão cá para serem comidos, que apoiam o trump, entre outras coisas parvas.
  • já me safei da química orgânica, da física, dos pormenores chatos de biologia.
  • vou demorar 10 minutos a chegar à faculdade em vez de demorar quase 1h, o que é sempre bom!
  • como já estive 2 anos na faculdade, já sei como as coisas funcionam - incluindo o meu melhor método de estudo!
  • pessoas criativas!!!!
  • disciplinas diferentes do que estou habituada - finalmente vou ter a oportunidade de libertar toda a criatividade em vez de ter de fazer tudo como as ciências mandam!

a ariana grande bem telefonou a perguntar se podia aparecer na música mas...

dias antes de ir de férias para a serra da estrela, acabei a minha primeira música original. não foi a primeira música que fiz - já tinha muitas outras já feitas! - mas, gravada em estúdio e a passar de um rascunho a uma música (mais ou menos) a sério, é a primeira. e que bem que sabe poder dizer isto!

eu quis fazer tudo sozinha (tive ajuda no processo da mistura dos instrumentos todos no programa de produção porque, infelizmente, ainda não fui possuída pelos poderes do super-homem e aquilo ainda não é um bolinho para mim) para me desafiar a mim mesma e para ver se as pessoas gostam mesmo que eu faça sozinha - claro que o importante é fazer o que gosto (e adoro fazer música!) mas não posso dar concertos se não tiver lá pessoas, portanto, convém que gostem. na verdade, fico horas a pensar antes de adormecer em formas de melhorar a música e todas as noites penso que é melhor parar de pensar nisso porque senão a música já tinha deixado de ser o que é, para ser um rap ou um rock pesadão.

quando digo "quis fazer tudo sozinha", incluo o videoclip. se eu não quisesse fazer tudo sozinha, acho que já tinha lançado a música mesmo antes de ter pensado nela. mas, sendo assim, ainda vai demorar um bocadinho - menos de 2 semanas, espero! vou ver se ainda consigo gravar a voz outra vez porque gravei-a logo no início e agora, com todos os instrumentos já gravados, acho que a vibe seria outra, e editar o videoclip. 

apesar de lançar uma música original sempre ter sido um sonho meu, confesso que estou tão assustada quanto entusiasmada. eu sei que é a primeira música e que a beyoncé (ainda) não me vai telefonar para a substituir caso ela fique doente e ainda tenho muito espaço e tempo para melhorar mas eu quero mesmo que tudo fique bem (na medida do possível) e estar a dar a conhecer o meu lado mais íntimo aos que conhecem o meu lado mais superficial e o meu lado mais superficial aos que conhecem o meu lado mais íntimo (ou seja, apareço no videoclip! woohooo! vão finalmente descobrir que afinal sou a hillary clinton com um blog português) é intimidante.

já agora: a música com o videoclip vai ser lançada no meu canal do youtube (aqui, dou um caixote de rebuçados a quem subscrever o canal) um dia destes - talvez daqui a 1 semana, talvez daqui a 1 mês, talvez daqui a quando arranjar um programa de edição de vídeo que colabore comigo. até lá, vou ficar a rezar para não virar um meme universal com tal impacto que até os extraterrestres decidem vir-me buscar.

querido, mudei o nome do blog

há menos coisas que me azedam do que as que o poderiam fazer. uma dessas coisas que me azedam são caixas. caixas humanas - as que nos separam em categorias, que não nos permitem conhecer os conteúdos dos outros humanos porque, supostamente (alerta: esta vai ser a palavra mais usada neste post), só pela aparência percebemos que não nos vamos identificar com aquela pessoa. na verdade, estamos todos na mesma caixa - numa caixa aberta chamado universo. somos todos diferentes uns dos outros e não nascemos para estar em caixas humanas, pequenas e ofegantes, rotulados, de forma a que o nosso passo seguinte já esteja previsto aos olhos dos outros e de forma a que nos entendam melhor.

sempre tive dificuldade em perceber quem sou. ou melhor: a perceber onde me encaixo, como os outros me vêm. na verdade, acho que nenhum dos meus amigos consegue meter-me numa caixa humana - o que me agrada muito. podia dizer que, por isto, sou "diferente" e espalhar folhetos e pedir para passarem anúncios na televisão sobre o quão diferente eu sou mas, ao dizer que sou diferente, já estou a rotular-me, a meter-me numa caixa e, supostamente, não posso ir comer ao mc donalds porque é onde todas as pessoas "iguais" comem e teria de usar alargadores nas orelhas e botas gigantes como, supostamente (mais uma vez), as pessoas "diferentes" fazem. na verdade, eu e o mc veggie estamos numa relação amorosa bastante séria e, numa sala cheia de gente, devo ser a que passa mais despercebida pela aparência. sinceramente, sou tão diferente quanto a pessoa que vai ler isto, ou o casal que está agora a entrar no supermercado ou o panda que está a comer folhas de bambu no outro lado do mundo. dizer "sou diferente" é o mesmo que dizer "sou um ser vivo". somos todos - só em sermos diferentes é que somos todos iguais.

foi por isto que decidi mudar o nome do blog. quando criei o blog, sabia que aquele chamem-me luísa não ia dar certo. a última frase do meu primeiro post foi "por enquanto, chamem-me luísa". e agora é a hora de mudar. os meus pais deram-me este nome mas afinal, também não me encaixo na suposta caixa humana que diz que as luísas são todas "betas" e têm de viver em sítios ricos e vivendas com piscina (não me importava nada de viver numa vivenda com piscina, para ser sincera). chamem-me luísa ou chamem-me o que quiserem (coisas bonitas, ok?), que isto de ter um blog cujo título diz logo o que devem ou não chamar-me, no fundo, sempre foi estranho para mim e, portanto, o novo nome do blog é lutalica.

lutalica
a parte de você que não se encaixa em categorias.


e que bem sabe não estar dentro de nenhuma caixa (humana), ninguém estar à espera do que vem a seguir e haver sempre mais para conhecer. que seja assim no meu dia-a-dia, que seja assim no blog, que seja assim na música que faço, que seja assim comigo, que seja assim contigo e que seja assim com todos. que tenhamos a liberdade de sermos quem somos sem termos medo de não sermos o que esperam de nós.