no meio disto tudo, perdi o meu capo. é hora de dizer RIP capo

há 2 sábados atrás, houve mais um concerto da escola de música onde ando, em que cantei uma música e toquei guitarra com banda. não fiquei tão ansiosa quanto da última vez - fiquei mais nervosa que ansiosa, sentia que não ia correr muito bem. o ensaio da manhã não foi mau de todo - exceto a letra da música, que esqueço sempre. o concerto foi à tarde e eu fui uma das primeiras pessoas a atuar. estava a tocar muito bem até que comecei a cantar e - para meu óbvio espanto, porque nunca acontece (uma ironiazinha aqui só para não parecer que é rotina) -  esqueci-me da letra. "começas bem, miúda", pensei. continuei em frente. baralhei os acordes todos porque não me estava a conseguir ouvir bem e pensava sempre que estava errada. "wow, isto está muita bom. arte abstrata". continuei em frente. parei de tocar e cantei só com a banda. "ok, isto já deixou de ser mau para ser cringe". continuei em frente. "ok, última parte. por favor, não te enganes". toquei, cantei e lá me safei nessa última parte. saí do palco e sentia-me mal. se pudesse, não voltaria a repetir por estar tão envergonhada. eu adoro estar em palco, é das melhores sensações - mas não quando corre mal assim. passei o resto do concerto (enquanto os outros atuavam) a pensar no que tinha acabado de acontecer.

a minha mãe gravou um bocadinho da minha atuação e, à noite, lá ganhei coragem para ver: a guitarra afinal não estava assim tão má, a minha voz não estava assim tão trémula quanto pensava no momento. no dia seguinte ao concerto, o meu professor de música mandou-me uma mensagem a dizer que houve muita gente a dizer-lhe que gostou da minha atuação e que perguntaram quem eu era. sinceramente, não sinto que fiz o melhor que podia mas já estive a pensar bem acerca desta situação e há coisas que têm de acontecer. e esta foi uma delas. tenho a certeza que a próxima vez vai ser muito melhor (mas vou levar uma pá para me esconder, just in case) e que vão achar que o jimi hendrix e a beyoncé decidiram entranhar-se em mim.

sinto-me a típica aluna nerd (mas ainda com medo de apresentações orais)

se a faculdade tem sido cansativa: sim, tem. tem sido cansativa ao ponto de me deitar às 4h da manhã e acordar às 8h a pensar que já são 12h e não vou ter tempo para nada. tem sido cansativa ao ponto de, mesmo só tendo dormido as tais 4h, ter energia suficiente para não me voltar a deitar e, em vez disso, levantar-me, ir tomar o pequeno-almoço e ir fazer trabalhos ou estudar. isto é, quando me apetece tomar o pequeno-almoço - já não foi só uma vez que o saltei. os almoços feitos lanches ou os lanches feitos mero petisco também não têm faltado.

se tem tudo valido a pena: sim, tem. deixei de chorar de manhã ao ir para a faculdade, como se isso fizesse obrigatoriamente parte da rotina. na maioria das vezes, divirto-me a fazer os trabalhos (embora os professores sejam a personificação da exigência). comecei a conseguir organizar-me de tal forma que tenho muito pouca matéria em atraso e, na altura dos testes, consigo ter tudo minimamente estudado algum tempo antes.

se tem sido fácil: não. mas voltei a aprender que, com esforço e trabalho, tudo se consegue.

das montanhas russas e dos trampolins

(fotografia tirada por mim. intitulei-a "coisas boas de sair tarde das aulas")

há quase 1 mês que não escrevo aqui. tenho muita vontade de escrever mas não sei o que dizer, não sei como me sinto. para cada coisa que vivo, parece que há alguma coisa errada por detrás: as coisas boas não são assim tão boas, as coisas muito boas não as sinto tanto. a minha insegurança sobre mim e sobre os outros, a minha falta de confiança sobre mim e sobre os outros: pesadelos. todos os dias parecem iguais e, em todos eles, há uma nuvem cinzenta estranha.

introvertida, preciso de tempo sozinha - tempo esse que não tem existido, em lado nenhum. apesar de ter mais trabalhos, nesta faculdade não tenho de estudar tanto quanto tinha de estudar na outra e é tudo mais calmo, mas a minha cabeça está sempre em todo o lado e não consigo assentar: demoro a adormecer, acordo às 7h a pensar que já é tarde para viver nesse dia e que já deixei tudo por fazer, vou abaixo com coisas simples, estou sempre insegura com tudo, não tenho escrito canções e, nos ensaios para o concerto da escola de música, a minha voz não sai porque tenho uma luísa em forma de diabinho no meu ombro a dizer-me coisas feias ao ouvido. sinto-me longe de mim, é isto.

hoje de manhã, mais uma vez, acordei mais cedo do que podia e, mais uma vez, não tão feliz quanto deveria. fui tomar o pequeno-almoço e pus-me a pensar nisto. voltei ao mês passado, ao início das aulas, onde só queria uma coisa: dar o meu melhor para acabar a faculdade o mais depressa possível para depois dedicar-me só à música. entretanto, ao começar a conhecer as pessoas, acabei por deixar que outras coisas afetassem o meu principal foco. decidi, então, ajustar o meu acelerador para saber quando devo seguir em frente sem medos e os meus travões para saber quando parar. às vezes é preciso irmos abaixo.