atenção: conteúdo sensível e propício ao vómito (depois não digam que não avisei)

está oficialmente provado que o horóscopo não é mito. dizia que esta semana ia dizer sim ao casamento e aconteceu: casei-me. pelo menos é o que o meu cérebro insiste em dizer. pronto, ok, vou explicar a situação para todos os casamenteiros e românticos desta vida:

passado da nossa relação - andámos na mesma escola. nunca nos falámos. temos amigos em comum. a minha melhor amiga é prima dele. e é isto. no início do ano passado, ele dizia-me olá na faculdade mas eu sou um ganso tolo e pensava que me estava a confundir com alguém - mas dizia sempre olá também porque preciso de ser simpática para que me comprem os álbuns no futuro, obviamente.

presente da nossa relação - agora (agora, ou seja, há 3 semanas) que raramente o vejo na faculdade, decidiu subir-me uma crush por ele. na terça-feira, mandei-lhe pedido para seguir no instagram (resumo das relações da era atual). o que aconteceu? ele aceitou e mandou-me também. alguma vez algum crush me seguiu no instagram? não (por acaso já, mas fica mais entusiasmante dizer que não). ou seja, levei isto como o pedido de noivado. e aceitei, obviamente. os meus amigos estavam constantemente a dizer para lhe mandar mensagem mas, lá está, eu sou um ganso e não mandei. hoje, senhoras e senhores, saí da aula e quem é que estava no corredor? o crush. e quem é que entretanto saiu da escola? eu. e o crush. e quem é que ganhou ovários e foi meter conversa? eu. oh yeah! e agora vou fazer uma lista do que aconteceu:
  • meti conversa e ele foi super simpático.
  • ia caindo no meio da rua aos 5 segundos de conversa (sou tão graciosa!). podia fazer mil piadas com o acontecimento mas vou-me conter. ele agarrou-me para eu não cair e puxou-me para não ser atropelada. quão romântico seria um filme de um casal que morreu atropelado aos 5 segundos de se conhecerem? 
  • fomos a caminho da paragem de autocarro a falar sobre conhecermo-nos e sobre a escola.
  • eu estava sempre a destruir o romantismo da cena: ele a puxar-me para a parte que não tinha chuva e eu voltava sempre para a chuva. sou um monstro ainda menos gracioso num corpo de lady!
  • quando chegamos à paragem, ele disse que ia para outro lado mas que já ia, para continuarmos a conversar. e eu disse que o levava ao sítio (eu sou o príncipe encantado desta relação). e ficamos uma meia hora a falar no sítio.
  • tivemos conversas bastante profundas até ele perguntar-me se acredito em amor à primeira vista. 
eu por fora:

eu por dentro:
  • fui eu, tão querida, o macho da relação, levá-lo onde queria até que... voltamos para a paragem de autocarro e ele disse que ia comigo até certo sítio mas acabou a trazer-me até casa.
  • com o ponto anterior, podíamos afirmar que, afinal, é ele o príncipe da relação, não fosse eu ter esperado pelo autocarro com ele para voltar para casa.
  • quando nos despedimos, ele agarrou na minha cintura e na barriga. e pronto, concordo que ele tenha de conhecer a casa dos futuros filhos.
futuro da nossa relação - vamos casar. estão todos convidados.

se fosse a 1000 casamentos esta semana, apanharia todos os 1000 bouquets de flores

li o meu horóscopo para esta semana, a última com 21 anos, e dizia que o meu momento de glória chegava a partir destes dias. na verdade, quanto mais se aproxima o dia do meu aniversário, mais a minha melancolia, desolação, angústia e todas essas palavras da família da tristeza aumentam. no entanto, como me obrigo todos os dias a viver num templo budista platónico, mesmo estando a escorrer mais stress que suor, consigo ver o lado positivo:
  • fui fazer um trabalho ao centro de lisboa, andei a passear com os meus amigos (um deles era espanhol e conhecia melhor lisboa que eu) pelos locais antigos da cidade e fiquei... como direi... encantada (com sotaque espanhol para não parecer tão mal não conhecer assim tão bem a minha própria cidade);
  • fui à rua cor-de-rosa, no cais do sodré, pela primeira vez;
  • andei de metro mais vezes em um só dia do que pensei alguma vez andar na vida toda. estava sempre com o coração a querer saltar-me pelos olhos e ainda não acredito que sobrevivi àquele terror. mas aqui estou viva. acho eu, pelo menos.
  • provei várias coisas:
    •  tortilla de patata: gostei mas nada de wow! 
    • gaspacho: foi a pior coisa que já provei na vida. mas a pior mesmo. chega a ser pior do que queijo, morangos e banana batidos numa liquidificadora e servidos com baratas vivas a boiar.
    • moscatel: concluí que, efetivamente, não nasci para bebidas alcoólicas, mais especificamente, para vinhos.
  • ocorreu o evento do ano 2018: tenho finalmente a carta de condução.
  • tive de andar sozinha num autocarro (sim, porque a querida já tem carta de condução mas, para além de não ter carro, também não tem coragem para conduzir) em que nunca andei para voltar para casa e, é triste, mas não sei se estou preparada para ir viajar sozinha. estava sempre a olhar à volta para arranjar pistas de onde estava e o meu cérebro funcionou da seguinte maneira: "mercado de penha de frança! frança? como assim frança? calma, já ouvi este nome nas marchas populares. bem, pelo menos frança sempre é mais perto que a rússia ou assim. olha o rio lá ao fundo! ok, já devo estar perto do terreiro do paço. estou a passar uma ponte? mas onde raio estou a ir? uau, dá uma foto gira (ps: saiu tudo desfocado). hmm, este sítio parece o terreiro mas não é. será que estou perto e tenho de sair aqui? estação de santa apolónia. bem, parece ainda ser longe. vou aguentar mais uma paragem. se entretanto for ter ao cais do sodré, sei como voltar para o terreiro. ah! agora sim, terreiro do paço. estou a salvo!". como achei que ainda não era tarde o suficiente para vir para casa, nem nada, decidi ainda fazer uma sessão fotográfica ao pôr-do-sol:
terreiro do paço. 23 de novembro.
porém, a parte amorosa não estava nada gloriosa ao ponto de nem sequer ter visto o meu crush esta semana. mas nem tudo está perdido: já estive a ver o horóscopo de sagitário (o meu signo, o melhor, obviamente) e diz para dizer sim ao casamento! portanto, vou começar a andar vestida de noiva e com um padre atrás todos os dias para, mal o vir, casar-me com ele e pôr no contrato de casamento que temos de jantar todos os dias juntos. 

apita o comboio, lá vai apitar. apita o comboio, começou a falhar

se alguém pensou que eu fiquei ferida psicologicamente de forma grave por ter chumbado no exame de condução, engana-se. aliás, fiquei com o título de exame mais curto do mundo - não há motivo para ficar triste. mas confesso: estou nesse estado miserável, sim, mas é pela quantidade de testes e trabalhos que tenho para fazer. no entanto, até aqui bati mais um recorde: um trabalho que é para entregar no domingo, as outras pessoas começaram-no há 15 dias e ainda não acabaram, eu comecei-o há 3 dias e acabei-o ontem - às 2h e tal da manhã mas está feito e pronto a entregar. pode estar escrito nos defeitos do meu signo que sou irresponsável mas eu acrescento nas qualidades que sou desenrascadinha e pontual... e linda, óbvio.

aliás, só não sou pontual quando há fatores externos incapazes de combater (a preguiça também conta?). tal como este fim-de-semana: fui passá-lo em casa dos meus primos, à serra da estrela. era suposto chegar a lisboa no domingo às 21h. cheguei 5 horas depois. como tinha bilhetes de comboio grátis, combati (este fator externo já é mais fraco que eu) o medo do paralelepípedo corredor e lá fui. em santa comba dão, o comboio parou e desligou as luzes e eu pensei logo que tudo acontece por uma razão e a razão do meu medo de andar de comboio estaria prestes a ser considerado plausível. pelo que ouvi as pessoas à volta a dizer, o mundo todo decidiu juntar-se e cair no meio da linha naquela hora e tiveram de chamar o obama, o trump, o putin e a angela merkel para o irem tirar. conclusão: estive a falar com um senhor sobre exploração animal e o exército, joguei ao stop, tivemos de mudar de comboio, meteram-me na 1ª classe (e fiquei sem entender a diferença da 2ª classe), adormeci à grande e caí do banco à francesa (de tal forma que quando me ia a levantar, já tinha o obama, o trump, o putin e a angela merkel à minha volta). se eu alguma vez pensei que ia ficar presa na terra do salazar? não. e a coincidência que é ter ficado presa (!) na terra do salazar (!). estou a tentar fazer uma piada com isto desde aquela noite mas ninguém entende. e agora aqui ficam umas fotografiazinhas lindas (sem filtro porque não tenho tempo e a naturalidade é... natural) do fim-de-semana só para animar a malta.

um comboio da linha de sintra e a estação do oriente às 6h da manhã
e eu cagadinha de medo atrás da câmara.

eu e o meu primo a passear pela aldeia.

eu sem wi-fi na 1ª classe do comboio aka rusticidade.

boda molhada, boda amaldiçoada

ontem chegou finalmente o dia em que ia abrir as portas do meu falecimento e, afinal, o destino quer-me prolongar um pouco mais a vida e, então, consegui bater o recorde do exame de condução com a menor duração do mundo: 15 segundos. quem conseguir este valor (as pessoas que não metem o cinto não conta), ganha uma liquidificadora a pilhas e um código de desconto da prozis para partilhar nas suas redes sociais, qual influencer. claro que estava tudo a correr demasiado bem e, se não acontecesse isto, não era eu. aconteceu que fui com outra rapariga e ela quis ir em 1º lugar e foi. enquanto ela estava no seu exame, estava tudo bem comigo, super calma, a pensar que estava a andar num comboio cheio de gente estranha à minha volta no meio da indonésia. mal a examinadora me mandou para a frente, o meu coração e os meus pés pareciam uma orquestra a tocar um hard rock já no clímax do concerto.

mal baixei o travão de mão, ainda nem tinha ligado, o carro começou logo a andar. meti logo os pés nos pedais para o travar e a senhora, simpaticíssima nas horas de menor tensão, disse, com o ar contrário ao dessas horas, "convém ligar o carro". oh filha, se há coisa que não gosto é que achem logo que não sei o que estou a fazer e, como não pude responder (porque ficava mal mandá-la ir alimentar porcos ao farmville), o meu coração e os meus pés começaram logo a aumentar o andamento da orquestra. mal saí do lugar, disse-me para entrar numa rua e estacionar em paralelo. senhores, eu sempre estacionei bem em paralelo e, se há coisa que me aflige no mundo, para além do plástico, a exploração animal e o adam levine não saber que eu existo, é não estacionar bem à primeira. e txanaaan: fiquei logo atrapalhada por não ter estacionado bem à primeira e, para melhorar, o vidro de trás estava todo embaciado por causa da chuva (e eu fiquei tão em pânico que nem perguntei se dava para desembaciar). que aconteceu, então? a minha roda traseira subiu o passeio e foi chumbo imediato. 15 segundos de exame! não recomendo a ninguém mas, se alguém por aí tiver o passatempo de gastar quantias absurdas de dinheiro, pode tentar bater o recorde. e o melhor é que a senhora ainda me disse "nem sequer olhou para trás". claro que não olhei. aliás, foi por isso que nem sequer vi que o vidro estava toda embaciado. 

o meu instrutor disse que foi uma pena porque me safo bastante bem a conduzir (ele não acabou a frase. ele queria dizer "bastante bem a conduzir... triciclos") e que foi uma parvoíce. mas, com certeza, não ficou tão triste quanto eu que vou ter de vender um rim, um pulmão e meio e ainda metade do intestino para conseguir pagar o novo exame de condução. conclusão: tenho 8 aulas obrigatórias a dar e o próximo exame já marcado. da próxima vez, vou levar uma corneta daquelas bem irritantes - se passar, uso-a para festejar; se chumbar, uso-a para espantar todos os espíritos que estejam à minha volta naquele momento. e que um deles seja a mesma examinadora de agora - apesar dela não ter culpa do que aconteceu. mas ela é um espírito maligno, tenho a certeza - de outra forma, o perfume dela não me apareceria de hora a hora para me atormentar. no entanto, se chumbar outra vez, não posso ir mais porque não há mais órgãos para dar - os ovários não contam porque tenho de engravidar para dar à luz o meu zé artur que vai ser examinador de exames de condução e passar toda a gente porque ninguém merece chumbar naquela porra quando, daqui a uns anos, os carros vão fazer tudo por nós e apoderar-se dos maléficos examinadores de condução.