5 da tarde e as dores de crescimento

isto de crescer enquanto já se é crescido é uma coisa complicada e assustadora. ainda me sinto como se tivesse 15 anos, com a mesma irresponsabilidade inocente, com a mesma forma de falar e com os mesmos sonhos. mas agora é diferente: já estou crescida mas não sou crescida. agora já não basta estar preocupada com os trabalhos da escola e com os ouvidos e o pêlo da minha gata; tenho de me preocupar com os preços das coisas, com as pequenas coisas, com as grandes coisas e com as coisas assim-assim, com as datas das coisas e com uma data de coisas. tenho de me preocupar em interpretar poemas em vez de os sentir, só. 

há dias, uma amiga disse-me "é engraçado: somos todos crianças em corpos de adultos. nós, as pessoas de 30 anos, as pessoas de 60 anos". gosto de pensar que assim o é. que estamos autorizados a dançar ao som da nossa própria música, que o bem é sempre o nosso pensamento principal, e que damos abraços uns aos outros ao ritmo da nossa respiração, mesmo que - supostamente - ainda se tenha de ir bem vestido para entrevistas de emprego (mesmo que só usemos aquelas exatas calças e aquela exata camisa para aquele exato tipo de entrevistas), mesmo que - supostamente - não possamos rir, saltar e cantar sozinhos no meio da rua, mesmo que - supostamente - se tenha de tirar a carta de condução apesar de se querer andar de bicicleta até as pernas rebentarem de tanto rodarem, e mesmo que - supostamente - tenhamos de fazer uma cara de quem nos acabou de acordar com o sol a 5 metros dos olhos nas fotografias do cartão de cidadão em vez de fazermos caretas ou um sorriso janota. este último ponto, é um dos que mais me chateia mas já tenho substituta para a próxima vez que for renovar o cartão:

5 comentários:

  1. às vezes também me sinto com 15 anos e se não me ponho a dançar e a saltar na rua, é porque ainda não tive tempo de numerar os ossos e se me desmancho, não sei como me vão voltar a montar sem o manual e sem as articulações numeradas. xD

    ResponderEliminar
  2. Não sei quem é que disse que ser crescido tem graça, porque não tem piada alguma :p Pessoa sofre!
    A tua gata dava uma bela foto de cartão de cidadão *.*

    r: Aquela música está mesmo incrível. E tem uma mensagem impossível de ignorar
    Huuuum, vou pensar ahahahah

    ResponderEliminar
  3. Ser adulto não é giro. A vida torna-se tão séria, tão linear.
    Beijinho, Ana Rita*
    BLOG: https://hannamargherita.blogspot.com/ || INSTAGRAM: https://www.instagram.com/rititipi/ || FACEBOOK: https://www.facebook.com/margheritablog/

    ResponderEliminar
  4. Eu acredito que temos sempre uma criança dentro de nós, embora tenhamos de lidar com mais coisas à medida que o tempo vai passando. É certo que nos pedem mais responsabilidade e um outro comportamento perante a sociedade, mas eu acho que somos donos de nós próprios e podemos "dançar ao som da nossa própria música". Há regras, demasiadas regras, mas eu acho que há algumas que podemos quebrar e saltar ou dançar na rua não tem mal nenhum :p
    Muito fotogénica a miúda ahah

    ResponderEliminar
  5. Não poderia identificar-me mais com este texto, sinto-me mesmo uma criança encurralada num corpo de uma adulta x)

    ResponderEliminar