se todos fossemos cinzentos, o mundo só tinha uma nota musical

há dias em que não nos sentimos bem connosco próprios - e, apesar de ser algo normal, não é algo que temos de aceitar. não sabemos se era nesse mesmo dia em que íamos compor uma música candidata a um grammy, escrever um texto que iria sensibilizar o mundo de tal forma que o mudaria, fazer um desenho com caraterísticas 3d ou descobrir uma receita que faria com que as pessoas que comem carne deixassem de o fazer.

um dos meus empecilhos é a falta de confiança - pesa, aperta e oprime-me. houve alturas em que me perguntei se estaria certa em não usar maquilhagem, não saber andar de saltos altos, andar sempre de ténis, não gostar de pintar as unhas, usar camisolas sobre aliens e passar vários dias seguidos - que acabavam por se tornar em semanas - fechada em casa a aprender música, quando não era isso que eu via quando saía à rua. estou mais que certa que música é o que quero fazer para sempre - e se houver um piano e uma guitarra no céu, mesmo depois de morrer, eu continuo. há dias em que acordo com mais inspiração do que sangue nas veias mas, no fim, tenho sempre vergonha de mostrar a música que fiz a alguém. no fundo, tenho medo de não estar de acordo com o que é suposto.

na quarta-feira, tive aula de música e o meu professor teve uma conversa sincera comigo sobre esta vergonha, falta de confiança e receio. vai sempre haver quem goste e quem não goste. mas tudo está certo desde que sejamos fiéis a nós próprios e façamos o que gostamos sem desrespeitarmos ninguém. passei o resto do dia a pensar nisso e só adormeci lá para as 5h da manhã. por ser um peso que carrego todos os dias, aquela conversa foi como um abanão que fez com que metade do fardo caísse.

emicida feat. rael - levanta e anda

antes de adormecer, tive sede e fui beber água. parei em frente ao espelho e continuei a pensar naquela conversa enquanto olhava para mim. ali estava eu. eu: que digo sempre às pessoas para acreditarem nelas próprias mas nem sequer acredito em mim; para se expressarem da maneira que se acharem mais livres mas sou a primeira a esconder-me atrás da insegurança que me persegue. combinei comigo mesma que, dali em diante, iria ser quem quero ser. elogiei-me e fui dormir. ontem acordei, tomei o pequeno-almoço, arrumei a casa e fui fazer música. a mais sincera que eu conseguisse, sem medos de quem a vai ouvir e do que vai achar. instalei uma aplicação no telemóvel para aquecimento vocal e outros exercícios para melhorarem a voz e vou fazê-los todos os dias.

 e vai ser sempre assim daqui para a frente. vou defender as coisas que gosto e não ter medo de ser quem sou. nos dias em que não estou tão bem, vou levantar-me e fazer o que tenho de fazer à mesma. se é sem maquilhagem, de unhas nuas, com camisolas sobre aliens e de ténis sujos que me sinto bem, é desta forma que vou continuar - pelo menos até ao dia em que decidir fazer o contrário e preferir assim.

2 comentários:

  1. Não tenhas medo de encarar o teu "eu" a tua pessoa...

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  2. Tão linda <3
    Adorei, é isso mesmo, tomar atitude!! Que continues assim *

    r: Conheço sim, já ouvi falar imenso dele! O álbum é lindo sim :))

    P.s. Em relação a isso, vamos olhar para a tua frase aqui "se houver um piano e uma guitarra no céu, mesmo depois de morrer, eu continuo" e pensar nela? xd

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