vou indo

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into the wild (2007)

conheci um rapaz numa viagem de carro. já não me lembro bem para onde íamos mas lembro-me bem da estrada marginada de árvores e, especialmente, dele - o cabelo loiro desengonçado, os olhos claros, a roupa larga. com ar do que realmente era: viajante. de alguma forma, a conversa foi parar a isso mesmo. rapidamente saiu do lugar de pendura e veio sentar-se no banco de trás, ao meu lado, para podermos conversar melhor, sem o som do carro e da rádio a atrapalharem. contou-me que não planeia as viagens - não tem um roteiro decidido, não vai para certos sítios só porque é um sítio muito visitado, não espera pelo dinheiro chegar para ir. "então como te orientas?", perguntei. "vou indo", respondeu. para decidir para onde vai, pesquisa países no google até encontrar algum lugar que, por alguma razão (por muito pequenina que seja), o interesse - "nem que seja só pela raparigas bonitas" e sorriu. "então e o que comes? relva e folhas?". "não", e deu uma gargalhada, "quer dizer, ocasionalmente. mas a gente arranja-se: vamos fazendo amigos, as pessoas oferecem comida, às vezes, uma cama para dormir. vou indo!".

entretanto, o despertador do meu irmão tocou, eu acordei e senti logo saudades do loiro viajante, apesar de saber que era só um personagem da minha mente. eu acredito que este tipo de viagens dão-nos uma sabedoria e estaleca que nenhum doutoramento no curso mais exigente do mundo dá.

à pergunta "está tudo bem?", algumas pessoas costumam responder "vai-se andando" sempre com uma conotação mais negativa lá no fundo. estas viagens ensinam-nos a regra do "vou indo" em situações não tão boas, "vamos indo" até a ultrapassarmos. na verdade, nascemos com ela entranhada. somos postos no mundo sem pedirmos e lá vamos nós, às vezes a 10 km/h, outras vezes a 120 km/h, de vez em quando, em caminhos com algumas lombas ou algum trânsito. mas acabamos sempre por "ir indo". é assim a vida. e não é mau. é bonito.

9 comentários:

  1. Gostava de ter coragem de simplesmente "ir" mas o meu lado perfeccionista impede-me. Tenho que ter tudo planeado e estudado quase ao ínfimo pormenor. Gostava de conseguir desapegar-me de tudo e ir. Quem sabe um dia...

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  2. Andei 10 anos de "mochila às costas" e foi o melhor tempo da minha vida. Não conheci muitas cidades, porque sou avesso à balbúrdia em que vivemos o ano inteiro. Os meus destinos eram sempre as montanhas. Naquela altura conseguia andar o dia inteiro num sobe e desce sem fim e não me cansava...

    R: Eu não disse que os vegetarianos são estúpidos. Os cavalos, por exemplo, são animais muito inteligentes. eheheheh

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  3. É bonito sim!

    P.s. O blog também está bonito assim!

    r: Não é Ana não, acredita que o meu nome não é nada "como as outras todas", muito menos típico x)

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  4. Por acaso já vi esse filme há um tempinho e acho que essas pessoas são tão...livres. ;)

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  5. é sim <3
    e sinceramente gostava de um dia fazer mesmo isso. pôr a mochila ás costas e conhecer muito mais do mundo :)

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  6. ah! e resultou :D ja aparece no feed xD

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  7. "Tudo bem? Vou indo SEMPRE" :p prefiro...

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  8. Este texto, mesmo sendo relativo a um sonho, tocou-me profundamente! Continua a escrever com alma!

    Estranha Forma de Ser Jornalista
    http://estranhaformadeserjornalista.blogspot.pt/

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