querido, mudei o nome do blog

há menos coisas que me azedam do que as que o poderiam fazer. uma dessas coisas que me azedam são caixas. caixas humanas - as que nos separam em categorias, que não nos permitem conhecer os conteúdos dos outros humanos porque, supostamente (alerta: esta vai ser a palavra mais usada neste post), só pela aparência percebemos que não nos vamos identificar com aquela pessoa. na verdade, estamos todos na mesma caixa - numa caixa aberta chamado universo. somos todos diferentes uns dos outros e não nascemos para estar em caixas humanas, pequenas e ofegantes, rotulados, de forma a que o nosso passo seguinte já esteja previsto aos olhos dos outros e de forma a que nos entendam melhor.

sempre tive dificuldade em perceber quem sou. ou melhor: a perceber onde me encaixo, como os outros me vêm. na verdade, acho que nenhum dos meus amigos consegue meter-me numa caixa humana - o que me agrada muito. podia dizer que, por isto, sou "diferente" e espalhar folhetos e pedir para passarem anúncios na televisão sobre o quão diferente eu sou mas, ao dizer que sou diferente, já estou a rotular-me, a meter-me numa caixa e, supostamente, não posso ir comer ao mc donalds porque é onde todas as pessoas "iguais" comem e teria de usar alargadores nas orelhas e botas gigantes como, supostamente (mais uma vez), as pessoas "diferentes" fazem. na verdade, eu e o mc veggie estamos numa relação amorosa bastante séria e, numa sala cheia de gente, devo ser a que passa mais despercebida pela aparência. sinceramente, sou tão diferente quanto a pessoa que vai ler isto, ou o casal que está agora a entrar no supermercado ou o panda que está a comer folhas de bambu no outro lado do mundo. dizer "sou diferente" é o mesmo que dizer "sou um ser vivo". somos todos - só em sermos diferentes é que somos todos iguais.

foi por isto que decidi mudar o nome do blog. quando criei o blog, sabia que aquele chamem-me luísa não ia dar certo. a última frase do meu primeiro post foi "por enquanto, chamem-me luísa". e agora é a hora de mudar. os meus pais deram-me este nome mas afinal, também não me encaixo na suposta caixa humana que diz que as luísas são todas "betas" e têm de viver em sítios ricos e vivendas com piscina (não me importava nada de viver numa vivenda com piscina, para ser sincera). chamem-me luísa ou chamem-me o que quiserem (coisas bonitas, ok?), que isto de ter um blog cujo título diz logo o que devem ou não chamar-me, no fundo, sempre foi estranho para mim e, portanto, o novo nome do blog é lutalica.

lutalica
a parte de você que não se encaixa em categorias.


e que bem sabe não estar dentro de nenhuma caixa (humana), ninguém estar à espera do que vem a seguir e haver sempre mais para conhecer. que seja assim no meu dia-a-dia, que seja assim no blog, que seja assim na música que faço, que seja assim comigo, que seja assim contigo e que seja assim com todos. que tenhamos a liberdade de sermos quem somos sem termos medo de não sermos o que esperam de nós.

12 comentários:

  1. Se sentias necessidade de mudar o nome do blog, fizeste tu muito bem :). Não tens de te sentir culpada por isso. O blog é teu, e tu é que sabes o que é melhor para este. Eu gostava do outro nome, mas também gosto deste :).
    Beijinhos,
    Cherry
    Blog: Life of Cherry

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  2. Gosto muito do novo nome do blog :D
    Compreendo o que dizes, também não gosto muito de rotular as pessoas ou que o façam comigo, sou o que sou e ponto :)

    Beijinhos e bom fim de semana ^^
    O blog da Mó | Instagram

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  3. Irrita-me que alguém julga conhecer-me melhor do que eu me conheço e me quer catalogar e meter-me numa caixa onde, supostamente (lol) estão as pessoas iguais a mim. Irrita-me porque eu próprio não me conheço assim tão bem e, tal como tenho dificuldade em escolher um livro, um filme ou um prato preferido, também não consigo dizer com certeza absoluta, que pertenço a esta ou àquela caixa. Consoante o dia ou a hora, posso pertencer a diversas caixas, ou não pertencer a caixa nenhuma. Há dias em que nem nessa caixa global onde, supostamente (lol), todos os humanos pertencem, me consigo "encaixar". E à medida que sinto a vida a escoar-se por entre os dedos, como areia fina, sonho acordado com os nossos antepassados ET's que um dia voltarão para pôr ordem no produto da sua criação, ou me escolham para uma viagem a um planeta distante onde só caibam aqueles que nunca se conseguiram "encaixar" em nenhum dos inúmeros compartimentos para onde a sociedade os quis mandar.
    Alô, ET's! Estou aqui pronto para embarcar.

    R: não precisas de te preocupar, os teus posts continuam a chegar-me. Eu é que tenho andado meio atordoado e não me consigo concentrar em mais do que duas linhas de texto, sem começar a viajar num mundo se sombras. Nunca vi tantos dias de sol tão cinzentos.

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  4. R: Eu vivo num sítio pequeno e sei que em Lisboa vou encontrar todo um "caos" que ainda me dá mais vontade de conhecer. Espero mesmo visitar em breve, acredito que vou adorar.

    Este texto diz muito daquilo que eu penso e muito da forma como eu vivo. Gosto do nome do blog. Esta frase diz tudo "e que seja assim com todos. que tenhamos a liberdade de sermos quem somos sem termos medo de não sermos o que esperam de nós"

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  5. Como se costuma dizer "You're unique, just like everyone elese" (;

    Gostei de ler, vou continuar a aparecer por aqui (=

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  6. Este nome encaixa perfeitamente no facto de não te encaixares. Podes ter o nome que quiseres que eu irei ler-te sempre!

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  7. O importante é atribuir-lhe um nome com o qual te identifiques! Gostei muito da tua reflexão, especialmente da última parte "... a liberdade de sermos quem somos sem termos medo de não sermos o que esperam de nós."👌 Que saibamos sempre usar essa liberdade.
    Beijinhos

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  8. R: Eu adoro a Natureza pelo que não trocava a paz do "campo" pela cidade, no entanto às vezes canso-me da mesma pasmaceira :p

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  9. Gostei muito desta publicação! Tudo o que dizeste faz todo o sentido e é bem verdade!
    Gostei muito da frase: "sou diferente" é o mesmo que dizer "sou um ser vivo", porque é mesmo assim, as nossas diferenças, seja ao nível do que for, não nos tornam mais do que qualquer outro ser humano. O respeito é sempre obrigatório!

    R: Eu acho que ignorar e seguir em frente é como pactuar com a maldade que as pessoas insistem em espalhar...

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