não acabo 2018 sem ter umas aulas de etiqueta social

tenho umas manias um bocado estranhas em público. vá, mais ou menos estranhas. pronto, ok, muito estranhas. antigamente, estar em público, no meio da rua ou na escola, era como estar no meio de uma selva cheia de leões e javalis, em que me tinha de safar de qualquer maneira e, então, acabava por ter manias ainda mais estranhas mas, felizmente, comecei a tomar consciência delas e agora estou mais concentrada no que faço ou digo. contudo, ainda não consigo estar totalmente relaxada e há coisas que faço ou digo que não consigo controlar:

  • o metediço thanks. normalmente, digo obrigada, mas só acontece quando sei que vai acontecer alguma coisa para eu o dizer. se for a uma mercearia, sei que vou ter de agradecer no fim das compras e, portanto, digo obrigada porque já o previ. no entanto, se alguém nessa mesma mercearia se afastar para eu passar num lugar estreito, como eu já não previ que aquilo ia acontecer, digo thanks. no outro dia, um professor meu abriu-me a porta para eu passar e eu disse thanks. mas isto não é assim tão linear: quando prevejo que algo vai acontecer, digo o que quero e, em caso contrário, lá se intromete o indesejado thanks. nas duas vezes em que fui tocar e cantar, depois das pessoas baterem palmas, eu disse thanks. óbvio que eu já sabia que ia agradecer, nem que fosse pelos minutos que as pessoas estiveram a ouvir-me, mas acabo sempre a dizer thanks. porquêêêêê??????
  • movimentos estranhos. talvez as pessoas pensem que estou a arrumar alguma coisa. de grande valor. que acabei de roubar. ou então talvez pensem só que sou awkward, mesmo. mas é isto que acontece quando estou sozinha na rua e encontro alguém que não estava à espera ou alguém mete conversa comigo sem estar à espera: movimentos estranhos. confesso que isto acontece frequentemente porque, por alguma razão, as pessoas costumam meter conversa comigo: para perguntar alguma coisa, ou simplesmente para meter conversa em paragens de autocarro ou no autocarro. e, portanto, luísa sofre. ontem, estava na paragem de autocarro sozinha e chegou uma senhora e perguntou-me se um determinado autocarro já tinha passado e eu, obviamente, comecei a gaguejar e respondi "ah... ah... não mas... mas ele costuma passar mais ou menos a esta hora... deve estar quase!". e continuámos a conversar sobre os autocarros e sobre as expressões brasileiras (porque ela era brasileira). depois, quando o autocarro que a senhora queria chegou, ao entrar, ela disse-me "bom dia, boa semana" e eu, que tinha as mãos no bolso, acenei com a mão no bolso. mas não foi um simples acenar, acenei mesmo com toda a fé. o meu cérebro deve ter pensado "tens frio. mantém a mão no bolso. no entanto, dá tudo de ti para a senhora perceber que queres acenar". e ficou assim: awkward.
  • o não-galanteador piscar de olho. e não vou falar muito nisto porque é embaraçoso só de pensar. há pouco tempo, eu nem sequer sabia piscar o olho. não sei como descobri como se fazia mas foi a pior coisa que aprendi. o pior momento em que isso aconteceu foi quando estava a fazer um trabalho de grupo e pedi a um professor (relativamente jovem) para explicar uma coisa e, no fim, disse "ok, ok" e... pisquei-lhe o olho. foi estranho. muito estranho. quando, minutos depois, ele voltou ao nosso grupo, nem sequer olhou para mim. e isto acontece mais vezes do que gostaria. não falemos mais sobre isto. aiiiii!
  • os meus temíveis dentes de coelho. ninguém sabe mas na minha vida passada fui um coelho. um coelho que não tinha como gastar os dentes e então ficou com os dentes gigantes que, por acaso, foram transportados para a minha vida atual. é por isto que tenho dentes de coelho. e, muitas vezes, faço aquela típica cara de coelho. já dei comigo a fazer esta cara para um pombo. um pombo que estava no local errado à hora errada e que não merecia ter presenciado tal acontecimento. ainda não percebi porquê nem em que situações. mas eu sei. é estranho. e assustador, provavelmente.
como diria o outro, "em jeito de conclusão, podemos concluir que" o melhor a fazer é ficar trancada em casa para sempre porque sou um perigo para as relações humanas, em particular, e para as regras sociais, no geral. 

7 comentários:

  1. r: mas eu não vou para dentro de água ahha o que me interessa é o sol e o calor possível na situação, a água dispenso completamente ahhaha! x

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  2. "Ádes" mandar parar o autocarro sem tirares as mãos do bolso. eheh
    Eu falo sozinho, quando vou na rua e quando sou surpreendido por alguém que me ultrapassa e, muito provavelmente, já vinha há um bocado a ouvir a minha conversa com os botões, começo a cantar para disfarçar. eheh
    Quando te internarem, não te esqueças de mim. Vamos os dois. Leva a guitarra. eheheh

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  3. Ri-me tanto ao ler este post XD
    Imagino como deves ter ficado quanto te apercebeste de que piscaste o olho!
    Quanto aos movimentos estranhos estou como tu, e quando me apercebo fico ainda mais desajeitada

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  4. Vá lá, podia ser pior ahahahahah :p

    r: Quero muito ver esse filme!

    É mesmo :D

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  5. Que post giro! Sou como tu no que toca ao obrigada. Agradeço por tudo e por nada, ahaha!
    Beijinho, Ana Rita*
    BLOG: https://hannamargherita.blogspot.com/ || INSTAGRAM: @rititipi || FACEBOOK: https://www.facebook.com/margheritablog/

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  6. Oh pá tu és tão engraçada :p
    E digo isto não para que te tranques em casa ahah, mas sim porque são características tão tuas e tão únicas que fazem de ti quem és, só faz sentido assim :)

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  7. Faz tudo parte do teu charme pessoal, Luísa no seu auge!

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